Review – Ranbu no Melody

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Introdução pra que? Leia ai

1 – Masashi Ishihama

Esse é o nome da fera. O Masashi Kishimoto Ishihama, por ter caráter, não fuma a mesma maconha que o outro Masashi mais famoso. Ele é um animador que vez ou outra se aventura em posições de mais destaque como diretor ou diretor de episódios.

Dito isso, aqui uma pequena lista do que ele se meteu: o sujeito foi diretor de Shin Sekai Yori e fez o storyboard de vários episódios; foi key animator de vários episódios de Dennou Coil, alguns de Code Geass R2, TTGL, Shigatsu wa Kimi no Uso, Jin-Roh, filmes de Digimon Adventure e Read or Die (neste ele também fez o character design) entre outros trabalhos.

Para os fins deste texto me interessam, no entanto, os seus trabalhos como escritor de storyboard e como animador de aberturas e encerramentos. A dificuldade de se compor e escrever o roteiro de uma obra certamente é considerável, mas o mesmo pode ser dito sobre resumi-la de forma coerente, visualmente interessante e simbólica em apenas alguns minutos.

Seus trabalhos em aberturas não são tão extensos, porém são icônicos. O repertório de obras nas quais ele trabalhou com aberturas ou encerramentos são bem diversos e passam por animes como Shingeki no Kyojin, SaeKano, BokuMachi, Psycho-Pass[2], Night Raid, Persona 5, FLCL entre outros.

A sua versatilidade é demonstrada em conseguir fazer algo que chame atenção e não seja apenas uma formalidade de formato (conter abertura e encerramento) em animes tão distintos, afinal, aberturas e encerramentos bons são uma porta de chamada para pessoas que talvez estivessem receosas em começar a obra.

Algumas características recorrentes de suas animações e estilo artístico serão abordadas mais à frente. Vale ressaltar que nem toda abertura ou encerramento dele são masterpiece, ele claramente faz o que pode com os recursos que têm disponíveis e o que a obra base dá como pretexto.

2 – Aberturas e Encerramentos

A abertura que servirá de base para a análise é a Ranbu no Melody, décima terceira abertura de Bleach. A abertura 5, famosa por ser uma das únicas na qual a cantora Yui e sua banda fizeram em animes, também foi composta e animada pelo Masashi Ishihama. Pelo melhor que ela seja, Bleach têm várias aberturas realmente boas, com storyboard coerente com a obra, estilização única e músicas excelentes então é difícil se destacar num anime com tantas aberturas icônicas.

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Agora imagine a seguinte situação: o arco de conclusão da história mais importante do anime, o que seria um verdadeiro clímax para a obra e escolhem você de novo para fazer a abertura deste final de saga. Escolheram-no com essa pressão em suas costas e o resultado foi um sucesso. Eu mesmo fico conflitado entre esta abertura e a segunda da primeira temporada de Shingeki no Kyojin como a sua obra prima, pois ambas são tudo que uma abertura precisa ser.

Dito isso, é hora de deixar o contexto externo de lado e falar sobre o que uma abertura pode ser. Creio que uma abertura é muito mais que uma necessidade de formato, ela pode trazer de forma concisa o que a história na qual se baseia pode nos mostrar, é praticamente um cartão de entrada para a obra.

É comum tentarem fazer algo minimamente coerente com o momento atual da obra ou até onde a abertura cobrirá e geralmente o resultado é exatamente isso, uma apresentação do que a obra contém ou apenas um reflexo pouco criativo. Ás vezes a abertura pode até ter um conceito bom, mas falha na música, na execução da montagem de imagens, na textura do conjunto ou apenas é chata.

A abertura diferenciada, no entanto, demonstra de forma engenhosa do que a obra se trata através de um enredo literal e/ou simbólico; uso criativo de cores e cenários; cenas, ângulos, câmera e técnicas de fotografia arrojados (evitando aqueles clichês típicos de abertura seja qual for a mídia correspondente); música cativante que se possível tenha conexão com os temas da obra; integração coerente entre a parte visual e a música, combinando os momentos em que a música progride com o desenvolvimento das imagens de forma que uma incrementa a outra ou propositalmente cria contrapontos. Ah, outro fator, carisma! Este é difícil de qualificar, no entanto.

Eu sei que o que define uma boa abertura para cada pessoa é algo variável, mas essas características supracitadas (e possivelmente alguma coisa que eu não pensei quando escrevi isso) certamente criam pontos em comum para a avaliação de várias pessoas. Não é de se estranhar que as aberturas e encerramentos que cumprem alguns desses quesitos bem geralmente são aclamadas como boas e emblemáticas.

3 – Ranbu no Melody

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A música começa com instrumental de guitarra, vocal em ritmo calmo e linha de baixo marcante. A letra introduz que aos poucos a noite está sendo ceifada, uma luz safira acorda a alvorada.

A abertura apresenta uma sala branca, limpa e iluminada; porém sem traços de vida senão um vazo de flores. Flores são os símbolos das divisões da Gotei 13, a flor que está na sala parece a Iris, símbolo da 7º divisão, porém não é algo que tem relação com a sétima divisão em específico, as flores no vazo representam as divisões.

A única coisa que destoa e ao mesmo tempo integra a paisagem calma é uma pequena esfera safira translúcida que representa de forma literal o Hogyoku, objeto que é central para a trama do arco. Quando uma mão levanta o Hogyoku e deixa-o cair, quebrando-o, toda a paz se desfaz em poeira, como se tivesse quebrado uma barreira que escondia a verdadeira natureza da situação.

O significado mais óbvio é que a sala representa a Soul Society, que se mantinha em certa ordem até que o plano para obter o Hogyoku, arquitetado pelo Aizen, foi posto em ação.

Um dos Hogyoku já estava na posse do Aizen, já que ele foi o seu idealizador. No entanto, o shinigami que então era capitão, Urahara Kisuke, também fez a sua versão da pedra e devido a diversas circunstâncias que não convem serem discutidas aqui (isto é uma análise de abertura, não um resumo do plot de Bleach) a esfera foi colocada no fundo da alma da Rukia, na esperança de que a gema espiritual nunca fosse utilizada ou encontrada novamente.

A principal função e temática de todo o arco é o que o Hogyoku representa, a quebra das barreiras entre shinigami e hollow, e mais importante, a habilidade de perceber os desejos mais profundos daqueles próximos à ele e materializa-los.

Portanto a quebra da cena possui alguns significados, o primeiro é o significado literal do Aizen ter rompido a ordem e trair a Soul Society, tomando proveito de uma situação caótica que ele mesmo criou através de manipulação, para obter a gema espiritual. O outro significado é a ruptura da realidade e ilusão causado pela sua espada, Kyōka Suigetsu, que foi usada para alterar a percepção dos shinigamis para que Aizen pudesse atingir seu objetivo. Por último é o significado que o próprio Hogyoku traz, a quebra de barreiras, seja ela entre hollows e shinigamis ou entre o mundo espiritual e o mundo humano, este último é para onde a abertura nos guia em seguida.

O cenário muda quando o Hogyoku cai no chão e quebra, essa passagem é marcada com a virada da música onde o riff e a bateria entram em contraste com a introdução.

Como um comentário extra, há alguma discussão sobre a mão que retira o Hogyoku ser de outra pessoa, alguns especulam inclusive ser do Ichigo. O principal argumento que corrobora em ser o Aizen ali é a cena que vem logo em seguida. Entre os frames com o logo do anime, podemos ver o Aizen passando por uma metamorfose, trocando de corpo; como uma larva virando uma borboleta (que é parecido com o visual dele na sua “forma final”) e também pode ser compreendido como uma transcendência que ele atingiu ao tomar o Hogyoku para si, o que é bem temático com o arco Deicide.

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Trecho referenciando o texto do Hector.

O verso da música descreve que o eu lírico avança, apesar de suas fraquezas que não cedem e que usando suas novas ‘presas’ deixará sua marca nesta era.

Vemos cenas da cidade por duas câmeras distintas. Uma sequência com tela maior mostrando a falsa cidade de Karakura e outra, menor, mostrando a mesma cena com um filtro ofuscado, desfocado e granulado. Cada uma serve um propósito distinto e elas vêm na ordem descrita acima exatamente para passar o sentimento de acompanhar os eventos que se desenrolam ali de distintos pontos de vista humanos.

Antes de entrar em detalhes, é notório lembrar que Bleach é uma história de fantasmas, onde grande parte do que acontece no começo é consequência da existência dos diversos tipos de espíritos, a interação entre os humanos e os espíritos e como isso afeta suas vidas.

Posteriormente a narrativa imerge nas conspirações e complicações do mundo espiritual de uma forma que quase não notamos que ainda se trata de uma história de espíritos. Quando a batalha da Soul Society termina, Ichigo e sua turma volta para Karakura e tenta manter sua vida normal enquanto a ameaça dos Arrancar se apresenta e é onde vemos de uma maneira diferente do começo a interação entre os humanos normais e os espíritos.

No início existia uma sensação de desconhecido e de perigo, elementos essenciais de histórias de terror com fantasmas, parafraseando o Hector: “Com um começo episódico, Bleach, aliado a um gênero horror-mistério-like, explorava a influência espiritual nos humanos; os sentimentos daqueles que se foram e dos que ficaram, as pendências que restavam aos que morriam e os arrependimentos dos que seguiam vivendo”.

A segunda vez em que os humanos do cotidiano de Karakura tem contato com os shinigamis e os hollows (na forma de arrancar), é muito diferente, pois os humanos amigos do Ichigo que tem espiritualidade apurada o suficiente para ver espíritos sempre questionam por quê ele está forçando um distanciamento entre eles e omitindo a verdade. O traço de personalidade de querer proteger todos é algo consistente no Ichigo durante a história e sua realidade de combatente contra o plano de Aizen o leva a relegar os amigos para mantê-los seguros.

É curioso também como notamos que os shinigamis realmente são espíritos antigos, que vêm de uma era distinta, já que eles conhecem muito pouco sobre os costumes e a disponibilidade de tecnologia e produtos do mundo moderno. É um ponto que não foi abordado na obra, mostrar a vida antes da Soul Society ou Hueco Mundo dos personagens principais e como isso afetaria suas pós-vidas, suas motivações e ambições.

Esses fatores se relacionam com a abertura, pois em uma câmera assistimos a cidade falsa de Karakura por um olhar humano sem medo, apenas com os eventos sobrenaturais acontecendo ou lugares que anteriormente estavam cheios de pessoas e vida. E outro olhar, também humano, proporcionado pela câmera menor, no qual os mesmos eventos são vistos sem a naturalidade da primeira, como fenômenos espantosos, onde os filtros e efeitos dão a impressão de filmagem de história de terror. Os lugares normais da cidade, vazios, se tornam cenários de mistério também sob esta ótica.

Tal dualidade representa bem a cidade, tal como a temática original da obra e a atual para o arco de Bleach. Serve também como uma maneira criativa e de bom gosto para apresentar os créditos (como um início de filme) sem atrapalhar o ritmo da abertura ou polui-la com cenas desnecessárias.

Por fim a câmera cheia se sobrepõe, enquanto a música vai crescendo e culminando no seu refrão. A influência da batalha da cidade falsa fica tão nítida que a presença dos espíritos vira o tema central. Termina o verso com um gancho para o refrão após uma pequena ponte com break down.

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A imagem tem a Orihime como centro junto de uma arvore, uma metade viva e colorida e outra morta e sombria. Novamente uma dicotomia de fronteiras, uma bisseção representando a vida, o calor das amizades e do amor do mundo humano; a outra pálida e sem emoção representando o mundo dos espíritos. Esta cena é uma referência aos acontecimentos do volume “Goodbye, halcyon days”, onde a Orihime é levada à força pelo arrancar Ulquiorra Cifer para o Hueco Mundo, onde acaba sendo mantida sequestrada para tentar atrair parte da força do Gotei 13, assim facilitando a missão do Aizen.

No volume “Heart” temos o ápice da luta no Hueco Mundo e também da evolução do Ulquiorra como personagem. Após muito tempo conflitado entre seu niilismo inerente e a compaixão da garota, Ulquiorra aprende, por fim, o significado de ter um coração; levando-o da sua visão nublada, sem propósito que não o curso natural, para um mundo mais iluminado, mesmo que em seus momentos finais. Isso de certa forma explica porque a Orihime está tendendo ao lado vivo, bem como sua tristeza diante dessa situação conflituosa.

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A partir daqui temos de fato as características artísticas de Ishihama proeminentes e não tão recheadas de simbolismos e autorreferências. Começamos por um shot do Aizen sozinho com vidros quebrados ao seu redor e iniciando o refrão com esta vidara. Esta é uma maneira interessante de representar o poder da Kyoka Suigetsu, como uma ilusão perfeita projetada pelo espelho e ao seu quebrar se revela a habilidade [Shatter: Kyoka Suigetsu].

Os olhares são algo que o Ishihama sempre usa como recurso para entendermos as intenções e o estado dos personagens. É interessante como é contrastante a determinação no olhar do Hitsugaya em comparação com a tranquilidade e desdém do Aizen.

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Adiante vemos uma curta cena do Hogyoku no peito do Aizen, quase atingindo sua forma final de maturidade. A atenção com os detalhes das cenas a a composição é fantástica na montagem que segue, começa com o Shinji invertido (de acordo com o poder de sua bankai), com um olhar de confiança e seu sorriso ronaldo típico. É notável também que até este ponto ele e seus companheiros Vaizard queriam suas vinganças contra o Aizen, que conduziu o experimento de quebrar a fronteira entre shinigami e hollow neles, fazendo com que os mesmos fossem banidos da Soul Society.

O refrão é bem próximo da história deste arco de Bleach. Seu tempo é rápido e melodia empolgante, suas viradas combinam extremamente bem com a intensidade das cenas de ação e apresentação dos personagens.

Passamos rapidamente pela Lisa que equipa sua mascara enquanto profere o ataque, Komamura (e sua bankai imitando seus movimentos em um pequeno flash) ainda indignado com a traição dos capitães que ele confiava e a Soi Fon usando sua técnica de velocidade.

Outro elemento que é corriqueiro nas suas aberturas é o shot onde um personagem move o cabelo/cabeça para um lado e o movimento é completado por outro personagem. Aqui temos a capitã Unohana, muito menos afetada e quase olhando para as batalhas com indiferença (justificadamente, considerando a revelação final sobre ela no mangá) e o movimento do seu cabelo passando pela tela deixa um preto que transita para o capitão Kyoraku em seu kimono preto e sua expressão descontraída de sempre. É engraçado porque todos esses personagens (com exceção da Unohana, que não foi obrigada a se meter na batalha), apesar das suas diversas motivações, são derrotados pelo Aizen.

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O braço direito do big bad, Ichimaru Gin, está apenas em cima de um prédio observando os desdobramentos da batalha. Adiante aparecem os combatentes de Karakura: Isshin, brabo, que finalmente é relevante e faz algo na história; Urahara Kisuke, que aparece em uma cena com combinação de zoom e mudança do ângulo da câmera para dar um efeito de destaque diferenciado; a transição da cena corta em preto para o movimento do cabelo da última personagem da cidade, Yoruichi, que também está braba como de costume.

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A principal mudança de ritmo do refrão acontece exatamente quando o Ichimaru aparece (a parte de encontrar quem ele quer proteger), bem como os combatentes que moram em Karakura (para atingir sua paz devem derrotar o inimigo a sua frente). Sincronia entre a música, a temática dela e a escolha das cenas. Este ponto é um exemplo sobre o que citei na discussão sobre aberturas; como criar a textura, misturando as sensações áudio, visuais e contextuais em um conjunto coeso.

Por último e não menos importante, temos o homem que é o pilar do que a Soul Society representa, Genryūsai Yamamoto. As chamas da shikai do capitão-comandante são intensas e alude a extensão do seu poder. O aparecer por último demonstra que perante o keikakku ele seria a verdadeira última barreira, por isso Aizen disse que não poderia poupa-lo como fez com os outros shinigamis.

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As chamas da Ryūjin Jakka transicionam para a face da Matsumoto chorando enquanto flashbacks de cenas do começo da obra e do passado entre ela e o Gin passam depressa.

Na mudança para o segundo refrão, mais catártico e emocional, vemos o drama da Matsumoto e Ichimaru. A letra aqui descreve, aflito, que o eu lirico ama o sujeito e que fará o que for necessário, pedindo para que não o deixe. Totalmente unido com a história deles.

É significativo como a face dos dois estão opostas, as lágrimas desesperadas dela caindo sobre a face do Ichimaru, enquanto ele se mantém ali, triste e principalmente frustrado pela falha em sua missão pessoal, na qual ele sacrificou tudo, inclusive sua relação com a Matsumoto. Em um frame também é possível notar que enquanto uma lágrima cai o Hogyoku aparece, possivelmente um caso onde o poder de perceber e materializar os desejos de quem estava próximo não tenha funcionado com o Gin, já que sua missão era oposta ao desejo do Aizen.

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O segundo refrão continua, aumentando a intensidade ao passo que as memórias retrocedem no tempo, a temática que servia para a Matsumoto e o Ichimaru também serve para Ichigo, mas de forma diferente.

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O fluxo de memórias continua seguindo a ordem inversa à qual a jornada do protagonista o levou: Ele conheceu Uryuu por último, no arco Substituto Shinigami, mas aqui Uryuu é mostrado primeiro. Posteriormente aparece Chad e sua primeira aparição durante o incidente do periquito. Depois vieram Keigo e Mizuiro, com Rukia no canto, tentando desesperadamente entender como usar um canudo para beber suco. Orihime, com a corrente do destino nela. Fishbone D, o primeiro Hollow que Ichigo encontrou. A cena de Rukia entrando no quarto de Ichigo. Vemos a menininha morta cujas flores foram derrubadas pelos skatistas. Sucede Rukia pulando do poste telefônico depois de ler o jornal na mão sobre a aparência de um Hollow (a primeira cena em Bleach). Por último, ou primeiro, aparece uma Jigokuchō, que entre outras funções guia os shinigamis através do Dengai, a passagem entre o mundo dos espíritos e o dos vivos.

Muitos eventos que aconteceram até então, de forma geral, foram fabricados por Aizen ou ele soube tirar proveito manipulando as situações para sua vantagem. Preservar essas memórias e o que elas significam ou deixar tudo se perder; fazer todo o possível para impedir seu inimigo e renunciar sua própria existência; esses são os conflitos em que Ichigo se encontra neste momento crucial da história.

A combinação entre o baixo e bateria, ditando o ritmo da música e das cenas é o real destaque deste trecho, sendo complementado do vocal mais emotivo (típico de j-rock visual kei). Abre-se a ponte para a parte final da abertura.

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Os sacrifícios necessários para transcender, morrer e matar Deus.

No caso do Aizen ele quer matar o deus da Soul Society por julga-lo injusto e negligente, a vontade de destronar o ser que está na posição mais alta, o orgulho e a jornada de um gênio que calculou e jurou exceder tudo e todos para atingir seu objetivo. Do outro lado um jovem que começou sem poder algum além de um talento latente e através de diversas dificuldades foi sempre chegando, de ultima hora, como um bom protagonista de shonen, ao nível do seu adversário e superando-o por pouco. Não poderia ser diferente o confronto dos dois.

Durante o seu treinamento final, apostando tudo, Ichigo finalmente compreendeu a essência final da natureza de um shinigami e finalmente aceitou e foi aceito por completo por sua natureza hollow. Ao tentar passar forçadamente dos limites dos shinigamis e hollows, Aizen atingiu sua transcendência enquanto Ichigo atingiu o ápice pela compreensão fundamental de ambos.

A face de Ichigo nos momentos finais da abertura onde ele aparece de fato pela primeira vez como foco apresenta a tranquilidade de quem está disposto a perder sua sublimidade em troca do seu objetivo. E assim, como em um momento, marcado pela virada da bateria e a manutenção do acorde, tudo termina de forma libertadora. A paisagem retorna ao normal e a sala volta ao seu estado original, porém sem o Hogyoku.


4 – Comentários finais

É costumeiro abranger apenas a temática e o contexto do arco a qual a abertura se refere. Ranbu no Melody, apesar de ser extremamente carregada de autorreferencias, consegue narrar os principais pontos da história como um todo, de forma fluida e sutil, algo realmente impressionante.

Todo mundo gosta do design de personagem do Kubo. Ele consegue colocar carisma, atitude e personalidade a primeira vista através dos seus desenhos, talvez esse seja o seu ponto mais forte. Ishihama nesta abertura se mantém fiel ao design original e adiciona sua própria personalidade com seus filtros, cores e estética. Comparativamente com outras aberturas que ele fez, a arte do Kubo e a dele casaram muito bem.

Como evidenciado no texto, a atenção com detalhes e a forma com que a progressão contempla a música, o visual e o contextual são os fatores que realmente elevam esta abertura a um patamar de excelência. Mesmo que você não tenha o contexto completo da obra ou não pare para pensar sobre o simbolismo das cenas, a composição e sincronia entre os elementos já é o suficiente para prender a atenção do espectador.

E com isso concluo minha análise da abertura 13 de Bleach, texto feito com muita troca de ideia com o Hector. Eventualmente esta publicação será transformada em uma vídeo análise. Por fim, os próximos textos poderão ter temas completamente distintos então não esperem por nada e obrigado por lerem até aqui.

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7 respostas para Review – Ranbu no Melody

  1. Igor disse:

    Q BOM Q VCS TAO VIVOS
    traz os outros autores de volta tbm pfvr

  2. Emanon disse:

    Lembrete anual pro Vaca escrever o artigo dele sobre o Furuya Usamaru.

  3. emanon disse:

    Opa! 2022? Hora de mais um lembrete anual pro Vaca escrever o artigo dele sobre o Furuya Usamaru.

    • Vaca disse:

      Bah, acho que deve fazer uma década já essa promessa não cumprida… Ok, desta vez garanto que farei mesmo, mas preciso de um tempo para reler os mangás. A ver o que sairá depois de uma década…

      O texto será publicado até dia 21 desse mês.

      • Emanon disse:

        O BRABO VOLTOOOOU!
        Depois de tanto tempo na aposentadoria, o grande Vaca dá as caras.
        Tô ansioso.
        (Tu tem twitter? Por que vocês do All Fiction não voltam, dessa vez fazendo video essays no youtube? Certeza que faria muito sucesso.)

  4. Vaca disse:

    Se é uma saída da aposentadoria de falar de animes e mangás ainda veremos, um passo de cada vez hehe. Faz anos já que assisto e leio pouquíssimos animes e mangás contemporâneos. Claro, sempre tem um ou outro como o glorioso Golden Kamuy. De todo modo quanto aos clássicos dos animes e mangás nunca parei de pesquisar. Não estar acompanhando tudo que sai é muito mais por falta de tempo. E também não sei como anda a qualidade, na Crunchyroll a maioria esmagadora dos animes que vem surgindo é de porcaria.

    Não tenho Twitter. Quanto aos outros do All Fiction ainda converso de vez em quando com Herect e Night (Lulu). Os outros não faço ideia de onde estão, sequer sei como contatá-los hoje…

    • Emanon disse:

      Não vale muito a pena acompanhar os semanais mesmo. Quando algo se destaca, geralmente passa no teste do tempo e você eventualmente acaba ouvindo falar pelas pessoas certas. Hoje em dia um anime atual que tenho impressão que você gostaria é o Ousama Ranking (Ranking of Kings), que tá saindo na temporada atual. Mas enfim, você podia falar de anime e mangá antigo mesmo que tá tudo bem. Acho que hoje em dia por mais que a bolha de comentadores de anime tenha crescido (porque anime como um todo cresceu) ela se diversificou pouco, pessoas como vocês do All Fiction fazem falta porque, na minha visão, vocês sempre trouxeram um ponto de vista mais sofisticado para a discussão de anime e mangá na internet brasileira.

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