Aria é um mangá criado por Kozue Amano e serializado na Comic Blade (lar de Sengoku Youko, Sketchbook, adaptações da saga ponto-e-vírgula de visual novels, entre outras coisas) de 2002 até 2008. Existe uma prequel chamada Aqua, publicada entre 2001 e 2002 em outra revista. Para esse texto, considerarei os mangás Aqua e Aria como uma obra só, e me referirei a eles como Aria. Existe pouquíssima diferença entre eles de qualquer forma. Também existe uma adaptação de anime para a obra, com três temporadas e alguns OVAs. Essa adaptação é muito elogiada, mas não a assisti, portanto não a comentarei aqui. Meu foco é o mangá. Além disso, esse texto não terá spoilers. Quem não leu o mangá devia ir ler agora pode ler o texto sem problemas.
É o começo do século 24. Marte foi efetivamente terraformado e colonizado, e agora se chama Aqua. Existe uma cidade em Aqua chamada Neo-Venezia, por causa da antiga cidade de Veneza, que ficava em Manhome (Terra). O mangá começa com Akari Mizunashi, uma garota de Manhome, se mudando para Neo-Venezia por causa de seu sonho de virar uma Undine, uma gondoleira que atua como guia turística na cidade. Ela vai trabalhar na Aria Company, uma empresa do ramo (daí o título). A obra acompanha a vida rotineira de Akari, conhecendo Aqua e seus habitantes.
Agora que tirei a sinopse do caminho, vou colocar um começo mais particular nesse texto. Antes de qualquer comentário sobre roteiro, personagem, arte ou coisas do tipo, acho importante classificar o princípio de Aria, uma idéia básica que sustenta a relação autor-leitor-obra. Uma noção que diz para o que a obra foi criada e como o leitor deve lê-la para apreciá-la devidamente. É, eu sei, é extremamente pretensioso da minha parte tentar dizer “Kozue Amano queria fazer isso”, mas vou tentar justificar tal visão com argumentos. Vamos para o ponto. Aria é uma obra escapista.
Para o bem da clareza, vamos definir escapismo (talvez o meu conceito não seja tão igual ao dos outros, ou mesmo do dicionário, mas é o conceito que vou usar). Uma obra escapista é uma obra que se comporta diferente do “real”. Seus personagens não se comportam como seres humanos normais, sua história progride diferente das histórias normais, seu mundo se comporta de forma diferente do mundo real. Histórias escapistas não têm necessariamente todos esses elementos ao mesmo tempo, mas o uso de um bocado de elementos desse tipo é o que “define” uma história escapista.
É um conceito bem diferente de simples “ficção”. Planetes, por exemplo, é uma ficção, mas tenta sempre manter verossimilhança com situações reais em diversos aspectos. Os personagens são humanos comuns, suas reações a eventos são comuns, etc. Sim, é possível fazer uma obra “real” no ambiente mais fantástico possível, e é possível fazer uma obra “escapista” no ambiente comum de cada dia. Só pra deixar claro.
Mas gatos mágicos são uma boa adição pra qualquer obra
Enfim, continuando com minha definição de escapismo: a obra escapista serve exatamente para retratar uma situação diferente da real, para modificar de alguma forma o comportamento do leitor com a sua vida real. O leitor que lê uma obra cheia de dor, sofrimento e tragédias, pode ficar aliviado por viver uma vida mais tranquila que a retratada. O leitor que lê uma obra emocionante e hot-blooded pode ficar triste por não ter uma vida tão boa quanto à vida retratada. Há outros subtipos de obras, outras reações possíveis, mas, em geral, obras escapistas se baseiam no contraste entre a obra e a realidade do leitor. Talvez, até certo ponto, toda obra seja escapista, mas acho que alguns exemplos de obras mais ou menos escapistas surgiram na sua mente, então creio que minha definição foi útil para meu propósito.
“O que isso tem a ver com Aria?” Bom, pra começar, vamos fazer um passeio por Aqua. Não, não o mangá. O mundo.
Neo-Venezia (e o planeta Aqua como um todo) é classificada por muitos como a verdadeira estrela do mangá. Certamente, é um ponto válido. A cada capítulo, o mundo ganha um pouco mais de detalhamento. Ouvimos a história de pontes, prédios, praças, praias, festivais, costumes (aliás, isso se relaciona muito bem com o papel das undines como guia de turistas e com a própria jornada de Akari para virar Prima, o que envolve conhecer mais a cidade; não que seja o único motivo pelo qual ela faz isso, claro). Sentimos as mudanças de estações com o passar do tempo: certa parte do mangá tem neve, e volumes depois (meses depois no tempo in-manga), o calor é cruel. Eu moro numa região que tem basicamente um único clima (o quente), então, quando digo que Aria me faz sentir as estações passando quando não tenho essa sensação na vida real, é um elogio imenso da minha parte.
Em suma, Neo-Venezia tem tudo que cria um ambiente verdadeiro. A bela Praça de San Marco, a Ponte dos Suspiros, a tradição da Vogare Longa, tudo é incrivelmente vivo e real, mesmo que sejam comentados em um único capítulo (como normalmente são). E mesmo que esses ambientes específicos dificilmente reapareçam com relevância, a variedade dos lugares explorados dá um bônus importantíssimo para a obra. No final, Aria não é um mangá sobre essa ou aquela ponte, esse ou aquele costume. É um mangá sobre uma cidade, e tudo que a constrói. Ao fim da obra, somos deixados com uma sensação de que ainda há o que ver, ainda há o que explorar. Não uma sensação de “que saco, não me mostraram coisa suficiente” e sim uma de “ah, a viagem está acabando e eu queria ficar aqui por mais um tempo”. Um dos efeitos mais interessantes da obra é que o leitor realmente fica com vontade de morar em Neo-Venezia. Se eu tivesse que escolher um lugar de mangá ou anime para visitar, seria o planeta Aqua. Não conheço mundo fictício mais fascinante.
Enfim, algo que merece destaque é o talento de Kozue Amano, e como ele é notável nos detalhes. Por exemplo, páginas duplas. Amano é uma boa desenhista, e isso é fácil de ver com as paisagens bonitas e bem detalhadas. Porém, páginas bonitas e bem detalhadas não faltam por aí. Mas a mangaká se destaca usando o vazio nas cenas. Quando somos apresentados a um ambiente vasto, ela muitas vezes simplesmente não desenha em certas partes da página, para gerar uma sensação de grande tamanho mesmo. Até fundos brancos têm uma razão de ser.
Outro aspecto digno de nota é como Amano constantemente coloca pessoas aleatórias no fundo fazendo coisas quaisquer, para remover todos eles quando surge uma cena com um lugar isolado (muitas vezes “mágico”: existem várias dessas pelo mangá). Mesmo que não notemos os personagens no fundo antes disso, surge uma sensação de estranhamento, que obviamente é compartilhada pelos personagens principais, criando certo reconhecimento inconsciente da situação. O que estou tentando dizer aqui é que a Amano é genial até em vários minúsculos detalhes.
Ah, e só pra citar um detalhe: eu não vi o anime, mas ouvi as aberturas, os encerramentos, e, em especial, a trilha sonora. E se você gosta de ouvir música enquanto lê mangá, faça um favor para si mesmo e a escute. Tudo se encaixa perfeitamente com a obra e com seu mundo, além de ser uma maravilha por si só.
Acho que é o bastante sobre o mundo, então vamos falar sobre o roteiro. É a parte mais fácil de falar quando se trata de Aria, porque, bem… não há roteiro. Não no sentido de “acontecimentos grandiosos e importantes que desencadeiam uma reação em cadeia que muda o rumo da série como a conhecemos”. Nem mesmo uma versão reduzida disso. Não há invasões alienígenas, não há conspirações entre gnomos e salamandras para gerar uma revolução em Aqua, não há nem grandes torneios de undines mostrando suas habilidades para lutar por uma promoção.
Na realidade, Aria é muitas vezes descrito como um mangá onde “nada acontece”. E, nesse sentido, tal descrição não está errada. Porém, ela também não é um demérito. O motivo para isso é simples: Aria é um slice of life. Aliás, refazendo essa frase, Aria é O slice of life. Caberia bem no verbete para esse termo em qualquer dicionário.
Certo colega tritão é defensor de que a noção de slice of life como gênero deveria ser extinta. De acordo com ele, todas as obras (ou praticamente todas) envolvem o cotidiano de seus personagens (o que, pra quem não sabe, é meio que a definição de slice of life, ou pelo menos, a definição que eu uso). Desse modo, slice of life seria apenas uma característica comum, e não um gênero ou qualquer coisa desse tipo.
Eu considero esse ponto como uma visão, no mínimo, razoável. Mas ainda uso o termo slice of life constantemente pra me referir a Aria. Não por costume ou coisa do tipo, mas porque é um termo realmente bom para isso. E não é bom só porque ficou um uso errado do termo ficou tão cimentado na mente de todos que se torna conveniente usá-lo para que entendam o que você fala. Não, Aria é simplesmente mais slice of life do que a imensa maioria.
O primeiro exemplo que me veio à mente foi Naruto, então usemos Naruto como exemplo. Duas coisas diferenciam um mangá como Naruto de um mangá como Aria. Em primeiro lugar, o “verdadeiro cotidiano” do jovem gari (que talvez se resuma a comer ramen até desmaiar) é o foco de um a cada 300 capítulos, arredondando pra cima. Em segundo lugar, mesmo que derrotar ninjas inimigos fodões faça parte do “cotidiano” (já que isso acontece muitas vezes), tais fatos sempre são tratados como um GRANDE MOMENTO, com sagas e flashbacks girando em torno disso, com grandes influências no mundo e na obra, com divisões claras entre “antes de X” e “depois de X”.
Nada disso existe em Aria. Em primeiro lugar, o “verdadeiro cotidiano” das personagens não é algo secundário que aparece de vez em nunca, e sim a própria alma do mangá. O “pão nosso de cada dia” é o que é sempre contado em Aria, e com elegância simplesmente adorável. Na descoberta de uma ponte ou de uma nova vista da cidade, ao presenciar uma maré alta ou conversar com uma amiga sobre qualquer coisa, todos esses eventos pequenos e comuns são retratados com beleza.
Em segundo lugar, apesar desses pequenos momentos sempre serem considerados grandiosos por no mínimo um personagem (normalmente Akari), eles não mudam definitivamente a obra. De fato, na maior parte do tempo você pode pular certos capítulos do mangá e ainda entender tudo perfeitamente. Eles são meio que peças em um quebra-cabeça: se uma está faltando, mesmo assim você entende a figura geral. E não, “você pode pular um capítulo” não é um demérito. Mais sobre isso daqui a pouco.
Com isso na mesa, surge uma consequência muito importante. Se a obra não tem um grande roteiro, ela perde acesso a muitas das qualidades que um grande roteiro trás. Formação de hype, plot twist, mistérios empolgantes, ritmo intenso, nada disso existe em Aria, nada disso poderia existir em Aria. A série abandona a possibilidade de fazer isso logo de cara. Portanto, ela precisaria compensar com outras qualidades.
Talvez você tenha notado que (ainda) não justifiquei as qualidades da representação do cotidiano de Aria. É porque, para fazer isso, preciso introduzir outro elemento na discussão. O que, afinal de contas, faz um cotidiano tão simples ser bom? Talvez você saiba a resposta: é a mesma para obras de ficção e para a vida real.
Pessoas.
Para falar a verdade, eu considero que, no geral, bons personagens são mais importantes que um bom roteiro. Mas nesse caso, essa disputa é irrelevante, visto que Aria, como já disse, não tem um roteiro. Enfim, se uma obra é basicamente sobre um cotidiano de exploração de lugares, há dois jeitos de ela ser boa: com lugares interessantes, ou com pessoas interessantes visitando tais lugares. Mas Aria não é uma boa obra, é uma ótima obra. Portanto, ela tem os dois.
Mas agora tenho que ser sincero. Eu não vou falar muito de Akatsuki, a salamandra facilmente irritável, ou de Al, o gnomo educado muito mais velho do que parece, apesar de eles serem personagens interessantes. Não vou falar muito das três Water Fairies: Athena, talentosa e atrapalhada, que ajuda sua aprendiz de seu próprio jeito desajeitado e tocante (e, como cantora, passa umas idéias lindas sobre arte de vez em quando); Akira, honesta e briguenta, que chega a fazer o papel de malvada para apoiar sua aprendiz (que na verdade lembra muito a própria Akira; Alicia, calma e consciente, quase como uma versão mais “real” (e, até por isso, menos fascinante) de sua aprendiz. Não falarei muito delas, apesar de serem personagens brilhantes.
Não falarei muito de Alice, a garota contida e boba que cria brincadeiras como “andar na sombra” e campanhas de punição contra a própria mão esquerda, e que tem uma fofura maravilhosa e inexplicável na sua sinceridade infantil (“ME DEIXEM EM PAZ”) que é bem balanceada por sua personalidade focada em diversão e pela influência de outros personagens. Nem de Aika, a garota orgulhosa e competitiva que é possivelmente a menos “fascinável” das personagens, falando muitas coisas de forma seca e proibindo comentários embaraçosos, mas muitas vezes se rendendo também aos personagens que a cercam. Apesar de ambas serem fascinantes, também não é minha intenção falar muito sobre elas.
Por um lado, porque não é exatamente o foco do próprio mangá, que gira muito em torno da personagem importante que ainda não citei. E por outro, porque ela me fascina tanto que se torna difícil comentar as outras com a relevância e profundidade que merecem.
Estou falando, é claro, de Akari Mizunashi. A maravilhosa Aquamarine.
Akari é uma garota feliz. É possível contar nos dedos de uma mão o número de vezes que ela fica genuinamente triste ou com raiva de alguma coisa no mangá. Isso acontece porque ela consegue ver maravilhas e ter diversão em coisas que a maioria das pessoas considera normal, comum, sem-graça. Também por essa atitude feliz e tranquila com tudo, Akari conquista praticamente todas as pessoas que passam por ela em curtas conversas (incluindo pessoas meio aleatórias que aparecem uma vez pra nunca mais). Pra usar o termo mais genérico possível, a felicidade dela é contagiante. Ao ver a garota sorrindo, fazendo comentários bobos, se maravilhando com cada ponte e paisagem, é muito difícil não fazer o mesmo, e é muito difícil não gostar dela.
O mais importante e mais fascinante desse efeito é que ele não fica limitado ao universo “interno” do mangá. Akari, a cada capítulo, a cada pequena descoberta, contagia o próprio leitor, cria um sentimento de paz e felicidade “leve” em quem vê suas “aventuras”. E desse sentimento nasce a maior força de Aria.
Eu usei o termo “slice of life” para me referir a Aria durante esse texto, e disse que era um bom termo para tal. E realmente é. Mas existe um conceito bem mais específico e interessante para essa função. Aria é um excelente exemplo do que é chamado iyashikei.
Iyashikei é um termo japonês que significa, literalmente, “série de cura”. Ele é usado para séries focadas no slice of life (você poderia chamar de subgênero do slice, mas como já disse, é difícil chamar slice de gênero), séries sem um ROTEIRO, que se focam simplesmente num grupo de personagens vivendo a vida sem um grande drama. Porém, o que torna uma série iyashikei, e não apenas focada no slice of life, é, como o nome sugere, o efeito de cura.
Aria é um mangá que deve ser lido um capítulo por vez, no começo da manhã ou no fim da noite, exatamente por causa dessa sensação de cura. Depois de um dia difícil, ao ler Aria eu sinto que apesar da merda que foi o dia, ainda há beleza no mundo. Ao ler Aria antes de começar o dia, sinto que o novo dia vai ser bom. Essa conexão racional nem é necessária, porque o foco é totalmente sentimental. Daí surge a necessidade da série ser tão calma; o ritmo lento é proposital e necessário para criar esse efeito.
Aliás, fazendo uma rápida digressão: é difícil recomendar a todos uma série tão sentimental como Aria. É possível que muitos fãs de obras com ritmos frenéticos e roteiros mind-blowing não encontrem aqui sua obra favorita. E pode até ser difícil para estes julgarem os méritos de Aria, que tem como propósito atingir um efeito tão pessoal. Mesmo assim, acredito que muita gente devia, pelo menos, tentar. Você pode se surpreender gostando de algo que não esperava que gostasse. Aconteceu com muitos antes de você, lhe garanto.
Mas voltando. Você pode achar estranho que eu diga que a obra é escapista (lá no começo do texto), e ao mesmo tempo, que ela gera tanta influência na vida do leitor. Uma obra escapista não devia transportar o leitor para uma realidade totalmente desconectada da dele e fazê-lo experimentar algo diferente do que ele conhece? Como uma obra assim pode mudar o cotidiano de qualquer pessoa?
Bom, em parte por isso, o conceito de escapismo como parte do iyashikei é controverso. É por isso que passei tanto tempo fazendo a definição precisa de escapismo que gostaria de usar. No fim, é uma discussão semântica, mas é necessário deixar bem claro ao que eu me referia.
Mas há outro ponto. Eu respeito o puro escapismo de uma obra, realmente respeito. Acredito que é uma função com suas intenções e seus benefícios próprios. Mas me atrevo a dizer que a característica mais importante de Aria só ocorre realmente quando a obra “volta” do escapismo. Visitar Aqua é fascinante, conhecer as undines (e todos os personagens, na verdade) é fascinante, conhecer Akari Mizunashi e ver tudo pelos olhos de Akari Mizunashi é magnífico. Mas existe algo a mais.
Ao visitar Aqua, sinto vontade de visitar mais a Terra. Ao conhecer os personagens, sinto vontade de conhecer pessoas. Ao ver tudo pelos olhos de Akari, sinto vontade de ser um pouco mais como Akari.
Sinto vontade de encontrar pequenas maravilhas todo dia. Sinto vontade de conhecer pessoas legais todo dia. Sinto vontade de acordar e olhar para o mundo com um sorriso no rosto. Sinto vontade de ser um pouco mais feliz.
E encontro pequenas maravilhas, e conheço pessoas legais, e sou um pouco mais feliz.
Por causa de Aria.
O que mais uma obra pode fazer?
Aria é meu top 1, junto com YKK eles são o pináculo dos mangas em minha opinião.
O jeito que você citou o escapismo, é mais ou menos como eu vejo slice of lifes em geral, o uso deles. Meio que concordo em não ser um gênero, mas acho que é mais pelo uso dele do que ele em si. Um dos primeiros pontos para algo ser considerado um SoL é não ter um objetivo, tem que ser sobre a “jornada” e não sobre o fim dela.
Quando pensando no caso de SoL, no modulo de escapismo. Obras como Aria são as melhores, usando seu sci-fi (ou fantasia) para fazer um contraste com o nosso mundo. Assim criando algo similar, mas ao mesmo tempo diferente. Afinal, a maioria dessas obras são uma Utopia, e isso é algo que simplesmente não existe no mundo real.
Akari é a tipica personagem do leitor levada a perfeição. Ela vem de um outro lugar para esse mundo magico, esse mundo é totalmente diferente, e chega até ser do futuro, comparado a Neo-Veneza. Mas ao mesmo tempo que ela cumpre o papel de ligação leitor-obra ela é uma personagem com sua própria profundidade, e é claro, seus olho de felicidade, onde tudo visto por ela é simplesmente melhor.
Todo SoL certo, aqueles que realmente são SoL, tem um certo nível de Iyashikei, alguns menos outros mais, mas esse é um dos elementos principais para a perfeição, vejo os outros dois sendo mono no aware, presente em Aria também e um mundo fantasioso, como citado acima.
Minha opinião de merda, mas obras que conseguem ter esse elementos normalmente são acima das outras, tem algo fascinante na perfeição que o “nada acontecer” da.
Ótimo texto como sempre, continue assim.
Se tratando de pura qualidade, Aria e YKK, se não são o topo do topo, estão empatadas com outras por lá. Colocando o meu gosto no meio, tem uma ou outra obra que prefiro, mas mesmo assim adoro ambas. Masterpieces.
Quando eu falei sobre essas obras escapistas “no mundo real”, tinha Yotsuba em mente, que é outra maravilha do gênero, ambientada num universo mais comum. Aliás, dá pra traçar muitos paralelos interessantes entre Yotsuba e Aria (especialmente entre a Yotsuba e a Akari). Na minha opinião, a vantagem principal desse mundo fantástico de Aria é, bom, que ele é absurdamente lindo. Além disso, fica mais fácil de acreditar que aquelas coisas podem acontecer quando vemos um mundo diferente do nosso. Poderia ser “irreal” se fosse aqui, mas no mundo dos gatos mágicos tudo é possível.
Eu devia ter colocado isso no texto mais explicitamente. Meh.
Concordo muito quanto a Yotsuba, não coloco ela junto as outras por não ter acabado e ser um pouquinho diferente pelo seu tom cômico, mas sendo duvida não fica muito atrás. Mas é isso mesmo a Yotsuba por não saber das coisas, pode ver todas elas com seus olhos puros. Uma vez lendo o capítulo que ela vai tomar banho de chuva eu parei e pensei “qual foi a ultima vez que eu fiz isso” e mesmo sendo uma cena com ela se divertindo, teve aquele gosto bittersweet.
PS: Acho que a parte da Aquamarine conta meio como spoiler.
Ninguém vai pegar o contexto sem ler, deixarei assim. Talvez o título seja spoiler, mas não é nada tão grandioso.
Aria, a série animada, foi o primeiro slice of life que eu vi a muito tempo atrás e você resumiu tudo o que eu sentia no final de cada episódio. Eu indico sempre essa série pra quem eu conheço, por essas sensações que ela transmite com muita precisão
“Ao visitar Aqua, sinto vontade de visitar mais a Terra. Ao conhecer os personagens, sinto vontade de conhecer pessoas. Ao ver tudo pelos olhos de Akari, sinto vontade de ser um pouco mais como Akari.
Sinto vontade de encontrar pequenas maravilhas todo dia. Sinto vontade de conhecer pessoas legais todo dia. Sinto vontade de acordar e olhar para o mundo com um sorriso no rosto. Sinto vontade de ser um pouco mais feliz.
E encontro pequenas maravilhas, e conheço pessoas legais, e sou um pouco mais feliz.”
Seria uma coisa que Akari diria XD
AINDA não li o mangá, mas depois disso vou procurar e começar a ler. Bom o final da série foi incrivelmente tocante e o ultimo sorriso da Akari me marcou bastante, até hoje sei cantar a primeira op, que como a obra, me marcou bastante. Excelente post.
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Mi apaixonei por ARIA desde o primeiro episódio que eu assisti, não me lembro bem o que me havia motivado a baixar o anime uma vez que eu nunca me interessei muito por animes slice-of-life, mas foi bom ter conhecido essa obra prima.
Eu sempre assisti esse anime as 17:00h quando o sol esta perto de se por e a tarde tranquila dava lugar à noite. Nas férias eu pretendo repetir este “ritual”.
Como eu só assistia ARIA em momentos quando eu estava relaxado, eu acabei levando alguns meses para terminar a série(as 3 temporadas). Vou voltar a assisti-la.