E uma nova coluna aqui no All Fiction. Three, two, one, let’s jam.
Eu gosto de discutir sobre mangás (no shit, Sherlock). Muitas vezes, eu fico rodando pela internet pra conversar sobre cada capítulo que sai de certos mangás que gosto. Então, na mente do Vaca, surgiu uma idéia que eu rapidamente roubei para transformar nessa coluna. E assim nasceram as Leituras Caseiras (pra quem não sacou, meu username por aqui, “Rauzi”, é uma piada com “House”, que surgiu como meu username pela internet graças ao Dr. House. É uma piada bem ruim, mas não dava pra roubar o título do Vaca). O objetivo delas é satisfazer minha vontade de discutir (ou pelo menos comentar para o vazio) sobre certos mangás com regularidade e incentivar VOCÊ, leitor, a conhecer e acompanhar tais obras. Mas antes de começar, alguns esclarecimentos, para explicar porque isso aqui é um pouco diferente do padrão de comentários bloguísticos regulares.
Primeiro: essa é uma coluna de alta rotatividade. Hoje estou falando de seis mangás, mês que vem posso estar falando de outros seis. O motivo para isso é que eu não quero falar de capítulos que não rendam discussão (coisas na linha “é, foi bom” ou “é, foi ruim” ou “foi mais ou menos” não são discussão). Não significa que, assim que surgir um capítulo que não rende discussão na obra X, tal obra sumirá das Leituras Caseiras. Uma obra pode sumir mês que vem pra reaparecer no seguinte, três podem aparecer do nada, ou qualquer coisa do tipo. Tudo é baseado nos capítulos do mês.
Segundo: eu não vou comentar mangá que eu considere ruim ou que eu não goste (são duas coisas bem diferentes). Pretendo que essa seja uma coluna cheia de obras boas, que eu recomendaria sem remorso para qualquer um. E mesmo que seja boa, se eu não gostar, não consigo falar dela direito (é uma das minhas maiores falhas como escritor). Escrever ainda pior que já escrevo não me interessa, meter o porrete em um mangá horrível mês após mês também não. Se um dos mangás dessa coluna ficar ruim, eu justificarei porque ficou ruim e pararei de falar dele.
Terceiro: essa é uma coluna mensal (tentarei sempre lançá-la no início de cada mês), mas não significa que só obras mensais serão comentadas. A imensa maioria será mensal, isso é meio que uma tendência minha, mas não duvido que entrem algumas semanais aqui e ali. Como já disse, é uma coluna de alta rotatividade, o que implica em alta variedade. Tentarei manter os espectros abertos.
Quarto: não haverá ranking. Isso estimula o leitor a ler apenas o ranking, e não os comentários. Não é uma atitude que eu queira encorajar. Portanto, nada de ranking.
Quinto e último: estou aberto a recomendações. Se você conhece um mangá em lançamento que acha que pode ser interessante de ver por aqui, e que eu possa gostar de ler, me recomende tal mangá nos comentários. Eu darei uma olhada, e ele pode aparecer na coluna seguinte. Ou não. Tudo depende da qualidade (ou falta de) da obra, de quanto ela entrou (ou não) no meu gosto (que é bem amplo, então não contenha recomendações por causa disso). Esse canto também é seu, caro leitor. Ah, e se alguém que entende de design e tal quiser fazer um header pra essa coluna, pra que eu possa colocar constantemente ali no topo dos posts, antes do “Continuar lendo”, eu ficaria muito agradecido.
Tudo esclarecido (espero), vamos para o próximo passo. Não posso simplesmente falar de mangás se você nem sabe quais são ou porque eles estão nessa lista de “bons mangás que devem ser comentados regularmente”. Então, aqui começa uma seção de apresentações. Uma pequena sinopse do mangá (DISCLAIMER: todas as sinopses, exceto as duas primeiras, foram traduzidas das sinopses já existentes nas páginas dos respectivos mangás no Mangaupdates. Ou seja, não sou dono de porra nenhuma no que se trata a elas) e um pequeno resumo sem spoilers explicando porque ele é bom e porque ele será comentado aqui. Em suma, uma mini-recomendação. Toda obra que futuramente entrar nas Leituras Caseiras receberá o mesmo tratamento. Não há limite definido para o número de obras, mas hoje, começamos com seis. Claymore, Maoyuu Maou Yuusha, Sengoku Youko, Soul Eater, Spirit Circle e Vinland Saga. Vamos lá?
Claymore
A história se passa em um mundo constantemente ameaçado pelos “Youma”, monstros que conseguem se disfarçar de humanos para se misturarem à sociedade humana e comer seres humanos. Os humanos são muito, MUITO mais fracos que os Youma (pense em termos sapo-gavião), então a única esperança de uma vila atacada por um Youma é uma Claymore. As Claymores são guerreiras (sim, só existem Claymores mulheres, pelo menos na atualidade) meio-humanas, meio-Youma criadas em experimentos de uma Organização, e são capazes de derrotar tais Youma. Porém, por serem fruto dessa mistura entre Youma e humano, as Claymores são temidas por toda a humanidade. O mangá segue Clare, uma das Claymores, em sua jornada por esse mundo cheio de ambições e batalhas pela vida.
Claymore tem uma excelente arte para monstros e batalhas, com uma dinâmica poucas vezes igualada em mangá, além de um character design muito bem trabalhado, em especial, para os inimigos das Claymores. Elas também não fazem feio: apesar das hordas de personagens femininas que precisam ter muitos traços similares (a própria estrutura do mangá impõe isso), na maior parte das vezes o autor faz você diferenciar todas elas com certa facilidade. A história também é muito interessante, com diversos segredos que demoram a serem revelados, porém quase sempre recompensam a espera, e contribuem para um ótimo clima de semi-suspense. A motivação geral de Clare (que seria um pouco spoiler, então não falarei) é um tema clássico, porém muito bem trabalhado. Apesar de existirem muitas personagens, a maioria tem pelo menos um interessante momento de destaque, inclusive os vilões, que por vezes chegam a ser compreensíveis. Claymore não é perfeito em nenhum aspecto, mas por ser muito bom em todos, é uma ótima leitura.
Maoyuu Maou Yuusha – “Kono Watashi no Mono Tonare, Yuusha yo” “Kotowaru!” (abreviado pra Maoyuu Maou Yuusha, ou só Maoyuu)
Humanos e demônios estão travando uma guerra sangrenta e violenta faz anos, e a sociedade humana é assolada por fome e miséria. Um herói parte em uma ousada e arriscada missão com um único objetivo: invadir o castelo da rainha dos demônios e derrotá-la para acabar com a guerra. Mas, como a própria rainha vai lhe explicar, não é tão fácil assim. Os humanos não são tão bons, os demônios não são tão maus, a guerra tem motivações econômicas difíceis de derrubar ou mesmo contestar, e mesmo o papel do herói não é tão bonito assim. E a esse herói, a essa rainha e a todos que os cercam, caberão muitas das decisões mais importantes da história.
Um mangá recheado de economia pesada e mesmo assim empolgante, uma comédia romântica/harém muito bem desenhada e extremamente divertida, uma subversão violenta do JRPG (que hesito em chamar de “desconstrução” porque sei dos horríveis efeitos dessa palavra). Não pretendo me alongar muito por aqui, falei todos os motivos pelos quais você precisa ler Maoyuu nesse post. Se quiser ser convencido, vá lá.
Sengoku Youko
“‘Pare com seus atos ruins e tome o caminho certo!’ Esse é o credo de Youko Tama e seu meio-irmão mais novo, Jinka Sendou. Os dois irmãos demônios viajam pelo país com Hyoudou Shinsuke, um espadachim medroso que eles encontram pelo caminho, para parar os atos de todos os malfeitores. Suas viagens serão cheias de reviravoltas e personagens excêntricos encontrados pelo caminho.” (texto retirado do Mangaupdates)
Sengoku Youko demora um pouco pra ficar realmente empolgante e interessante, mas quando começa, não fica muito atrás de outro mangá do mesmo autor, Hoshi no Samidare (um dos eternos favoritos de 50% dos redatores desse blog). O elenco principal é extraordinário (personagens sempre foram o talento de Mizukami), a arte tem um clima meio “bruto” único e extremamente funcional, e o enredo não pisa nos freios e não se contém. Em seis volumes, o mangá já tinha feito tudo e mais do que muitos por aí têm medo de fazer em sessenta, sem perder qualidade em nenhum aspecto. E depois dos citados seis volumes (estou evitando ao máximo spoilers), Sengoku Youko se diferencia ainda mais da média e se torna cada vez mais único e fascinante.
Soul Eater
“Maka é uma mestra de armas, determinada a transformar seu parceiro, uma foice viva chamada Soul Eater, em uma poderosa foice da morte – a arma definitiva da própria Morte! Responsável pela tarefa de coletar e devorar as almas podres de noventa e nove humanos e uma bruxa, Maka e seus amigos mestres lutam para tornar suas armas perfeitas, enquanto se enfrentam com os bizarros e perigosos asseclas do submundo.” (texto retirado do Mangaupdates)
Eu planejava começar esse textinho dizendo que esse é o battle shonen mais fora do padrão que já li, mas isso seria um erro. Eu, pelo menos, não consigo mais encarar Soul Eater como battle shonen. Ah, ele é um shonen, e tem batalhas, mas se distancia muito do que se tornou costume chamar de battle shonen. Soul Eater passa metade do seu tempo em batalhas, porém todo seu tempo (incluindo as batalhas) falando de ordem e de loucura. Seus melhores personagens estão diretamente ligados a esse dilema, sua arte mostra isso com genialidade incomparável (Ookubo é facilmente um dos melhores desenhistas que já vi em mangá), e, no geral, o mangá gira em torno disso. Um tema fora do comum para uma obra fora do comum. Quando acabar, aposto que farei review.
E pra quem não ficou convencido, recomendo ler o ótimo texto escrito pelo Judeu Ateu lá pelo Gyabbo, que também traz excelentes motivos para você ler Soul Eater.
Spirit Circle
“Fuuta Okeya é um garoto normal de 14 anos, exceto pelo fato que ele tem a habilidade de ver fantasmas. Uma garota é transferida para a classe dele um dia, mas age de maneira agressiva com ele. Essa garota, chamada Kouko Ishigami é seguida por um fantasma chamado East. Fuuta tenta se dar bem com ela, mas acaba falhando quando ela vê a marca de nascença que ele normalmente mantém coberta. Ela, então, declara que eles são inimigos, que a marca de nascença é uma marca amaldiçoada, e que eles têm uma longa história, enquanto fala sobre reencarnação. Quem é essa garota e como eles estão ligados?” (texto retirado do Mangaupdates)
Por ser o mangá mais jovem dessa lista, é difícil de definir os pontos fortes e fracos de Spirit Circle. Mizukami está construindo bem todos os personagens, como sempre faz. Está correndo mais com o roteiro do que o fez em Hoshi no Samidare ou Sengoku Youko. A arte parece estar no nível de sempre, porém ainda não muito exigida. Porém, o que aparenta ser o maior potencial de Spirit Circle é seu tema. Mizukami tem afinidade por ele (tinha sido tocado de passagem em Hoshi no Samidare) e talento para tratá-lo de forma excepcional. Eu não descartaria a possibilidade de que Spirit Circle é uma masterpiece em formação. E se você quer acompanhar uma desde seus primeiros estágios, não conheço uma aposta melhor que essa.
Vinland Saga
“Thorfinn é filho de um dos maiores guerreiros vikings, mas quando seu pai é morto em batalha por Askeladd, líder de mercenários, ele jura que terá vingança. Thorfinn se junta ao grupo de Askeladd para desafiá-lo a um duelo, e acaba preso no meio de uma guerra pela coroa da Inglaterra.” (texto retirado do Mangaupdates)
Ah, Vinland Saga. Um elenco repleto de personagens interessantes, empolgantes e muitas vezes tocantes, em que dois em particular passam por desenvolvimentos impressionantes e poucas vezes igualados. Um enredo genialmente pensado e construído desde os primórdios da obra, com cada pequena reviravolta preparada desde o começo. Um mangá sobre vikings que trata de um tema real mesmo nos dias de hoje, porém tal tema se torna ainda mais cheio de significado no contexto e na época abordada. Uma arte que chega a níveis absurdos de qualidade na fase recente, comparável aos melhores que a mídia já viu. Ah, dane-se. Não consigo falar disso sem spoilers. Talvez não seja o melhor mangá que conheço, mas é meu favorito. Leia.
E agora, para o que interessa: cada um dos capítulos!
Claymore, capítulo 132: “Those Free to Loiter”
A guerra em Claymore mal começou e já está uma maravilha. Embora previsível, a preparação para os Awakened Beings antigos se juntarem ao grupo de Miria e Clare para derrotar Priscila-Rafaela/Luciela foi muito bem feita: nem desrespeitou os guerreiros homens (e é extremamente importante respeitá-los. São história viva no mundo de Claymore; primeira geração de guerreiros, enquanto a Clare é da 150ª), mas deixou a situação aberta para entrada deles no futuro, que muito provavelmente será necessária. E destaque para as palavras de despedida (por enquanto) de Chronos para Raki. Levantam grandes questões sobre a relação de Priscila com Raki, e como isso vai influenciar nessa batalha. Aliás, a aparente falta de qualquer papel relevante para Raki na guerra (além de despertar Clare, obviamente) sempre foi algo que me incomodou, mas esse capítulo me diz que Norihiro Yagi tem algum truque preparado.
E que final. Riful era uma das minhas personagens favoritas em Claymore, e a volta dela me deixou extremamente animado, mesmo que ela esteja voltando de forma diferente. Aliás, talvez ainda mais porque ela está diferente, o fator de imprevisibilidade aumenta muito. É um fato que, junto com todo o resto do capítulo, traz muitas interessantes possibilidades para esse arco final de Claymore. E que seja mesmo um grande arco, como esse começo me faz crer que será.
Maoyuu Maou Yuusha, capítulo 19: “It’s Because I’m a Merchant”
Demon Queen fascinante como sempre. A idéia de usar papel e registros para forçar todos a entenderem o que estão fazendo é a típica genialidade misturada com idealismo e emoção que marca ela. E logo depois, uma maravilhosa mostra de fofura assistindo o Hero criança. O antigo ataque ao portão aparenta ser a Primeira Cruzada Sagrada (sendo a Segunda a liderada pelo Cara do Tapa-olho, que resultou na convivência pacífica de humanos e demônios em Gateway City), então umas perguntas interessantes sobre esse evento e sobre a natureza do portão foram levantadas.
E falando sobre o portão, Female Magician também está interessantíssima. Estou extremamente curioso por tudo envolvendo a personagem, e principalmente a questão do “clã” levantando no capítulo anterior, que aparenta ser uma pista para uma das perguntas mais interessantes de Maoyuu: “o que é exatamente a Exterior Library?”. Mas voltando a esse capítulo, a parada de “o mundo dos demônios é o subterrâneo” foi um cliffhanger bem violento, vamos ver como o autor vai trabalhar isso no próximo capítulo. Alta expectativa.
Mas o destaque desse capítulo foi a interação entre Young Merchant e o gordo e simpático Ministro das Finanças, na economia que tanto brilha em Maoyuu. Aliás, o Young Merchant é um dos personagens mais fascinantes da obra. O cara é quase uma representação de mercado, sem deixar de ser totalmente humano. Dá pra notar que ele ama o mundo e ama tudo que sustenta o mundo (ou seja, a economia). Talvez seja o personagem que mais passa esse feeling de “caramba, economia é uma coisa muito foda” em todo o mangá. Em suma, capítulo excelente, como Maoyuu sempre é.
Sengoku Youko, capítulo 44: “Senya and Tsukiko”
A primeira impressão que tive foi que as roupas da “princesa estrangeira” que Tsukiko usou durante o capítulo eram as mesmas roupas que apareceram em outra situação em Spirit Circle, o outro mangá em andamento do autor. Não entrarei em detalhes para não dar spoilers a quem não acompanha Spirit Circle, mas não, não são. Pena, seria divertido.
Mas de volta ao capítulo, teve quase um clima de epílogo (compreensível, olhando pro fim dele), com uma maravilhosa interação entre praticamente todos os personagens do arco; Hanafuda e todo o clima de FABULOSA, Teru e o já clássico pulo do telhado, Nau e a dancinha sem significado, Shinsuke em diversos momentos (gostei bastante da hora que ele fala que será a escolta da Tsukiko), todos brilharam um pouco. Mas, como o nome já diz, destaque para Senya e Tsukiko. Aliás, esse capítulo indica que, apesar de todo mundo tentar, será a Tsukiko quem certamente vai resolver toda essa questão do Senya de querer parar de lutar. Afinal, ela tem a óbvia, porém agora definitivamente confirmada, maior influência no coração do garoto.
E DAT FINAL. Dragão negro surgindo de novo, Tsukiko capturada, Arabuki quebrada ao meio (aliás, saudades da personalidade da Arabuki, ela foi diretamente responsável pelo melhor momento do mangá até agora), algum tipo de plano vilanesco em andamento e uma provável missão de resgate envolvendo Senya, Shinsuke, Taro e Zanzou? Que chegue logo o próximo capítulo.
Soul Eater, capítulo 104: “The Dark Side of the Moon I”
Depois de uma sequência de capítulos de Soul Eater com centenas de coisas relevantes para comentar, dei o azar de começar a coluna em um mês onde o capítulo foi principalmente hype (aliás, muitos dos mangás comentados nessa coluna foram assim, complicado). Mas mesmo assim, passou longe de ser um capítulo ruim.
Chrona absorvendo tão rapidamente o Kishin era algo que eu não esperava nem um pouco. Ookubo decidiu acabar com a brincadeira de “múltiplas forças lutando pelo Kishin” e jogar tudo direto na batalha (aparentemente) final contra Chrona. Decisão louvável. Não comprava muito a relevância do Noah, e com todos os palhaços destruídos, faz sentido ir direto ao assunto principal. E, afinal, a questão Chrona sempre foi um dos melhores aspectos do mangá. Ou só eu me lembro do capítulo 87?
Agora uma decisão menos louvável, pelo menos na minha opinião de merda, foi tirar Kid e Stein da jogada, pelo menos temporariamente. Respectivamente os maiores símbolos da ordem e da loucura no lado do “bem”, os caras são muito definidores do mangá pra saírem da luta final. Sem contar que, sem Stein, o pai da Maka se torna deveras inútil. Ou quem sabe veremos Maka usando-o como arma? Stein não dá sinais de voltar, então aposto nisso. Kid deve chegar em algum momento crucial. É, em uma visão imediatista, não foi o melhor dos caminhos, mas Ookubo pode provar que estou errado, ele tem talento para tal. Espero que realmente prove.
Spirit Circle, capítulo 6: “Vann, Part 2”
Juro que o talento do Mizukami em tudo que se refere diretamente a personagens é coisa de outro mundo, o cara é quase inigualável nisso. Stihl e Glass duraram apenas poucas páginas, e ainda assim foi muito agradável conhecê-los. Stihl com esse clássico clima de mercenário sem honra, Glass com toques de blasfemo para o clássico padre beberrão, mas os dois se destacaram nas interações com Vann. Interações essas extremamente divertidas, em grande parte por causa dessa linguagem medieval (aliás, palmas para a scan, toque de mestre), que pode até deixar a leitura mais lenta, mas dá um charme bem bacana.
Bem interessante como a marca feita pela bruxa virou algo tão decisivo para a vida de Vann e como ele, mesmo matando-a, ainda guarda muito rancor. Mais um belo exemplo da importância de Kouko para as vidas do Fuuya, e vice-versa. No geral, foi um ótimo capítulo de transição entre a parte 1 e o que deve encerrar a história de Vann, a parte 3, próximo capítulo. Parte 3 essa que deve ter uma forte presença do bebê encontrado no fim do capítulo (quem sabe é uma outra vida de Kouko?). Vamos esperar para ver.
Vinland Saga, capítulo 88: “Punishment”
E a fúria de Iron-Fist Ketil foi liberada. A pancadaria em Arneis foi pesada, bem pesada (Snake chegou na hora certinha; aliás, puta personagem foda o Snake, queria ver algo mais detalhado sobre a vida dele), e o dono da fazenda ainda está com sede de sangue. Corpos vão rolar quando Canute chegar ao campo de batalha, e Ketil vai participar da batalha. Aliás, o mangá está hypando bastante essa chegada de Canute. É esperar pra ver se essas expectativas serão correspondidas.
Mas o foco do mangá é Thorfinn, então falemos de Thorfinn. Acho que o futuro de tudo vai depender da seguinte escolha: ele foge com Leif antes que o Canute chegue, ou ele fica pra proteger Arneis e Einar (porque Einar muito provavelmente vai querer ficar para proteger Arneis). No fim, é lutar ou não lutar. Vinland Saga caminha para um dos momentos mais decisivos de sua história. E os meses demoram cada vez mais pra passar. Mais uma vez, é esperar para ver.
E, como uma nota extra, Hox, o tradutor do mangá de japonês para inglês, postou em seu site, junto desse capítulo, um comentário bem interessante sobre as marcas que podemos ver na espada de Ketil, no último quadro. Levanta algumas perguntas relevantes. Farei uma livre tradução aqui, mas você pode ler o original (em inglês) aqui.
“Em uma nota lateral, as marcações na espada de Ketil são lidas como +Ulfberht+, denotando a ela o status de uma renomada espada Ulfberht, uma das primeiras espadas européias a ser feita totalmente de aço de alta qualidade, ao invés de ferro soldado em padrões. Parece que essa história de Iron-Fist Ketil pode não ter sido totalmente falsa, já que isso não era algo que qualquer pessoa normal poderia comprar. Mas ainda assim, existe um problema de autenticidade, causado por marcações +Ulfberh+t vs. +Ulfberht+, já que algumas espadas marcadas como +Ulfberht+ foram reconhecidas como imitadoras contemporâneos (século 9~11) feitas de ferro inferior, ao invés do aço de alta qualidade importado da Ásia. Não sou expert, mas não acho que foi definitivamente provado que todas as espadas +Ulfberht+ são imitadoras inferiores, então algumas podem ainda ser genuínas. De qualquer forma, é interessante pensar nisso, já que poderia significar que sim, Iron-Fist Ketil é apenas uma mentira, ou não, Ketil é de verdade. Acho que o único jeito de ter certeza é esperar agonizando pelos próximos capítulos. Para aqueles que querem ler mais sobre espadas Ulfberht, eu achei esse estudo bem esclarecedor.”
“Acho que o único jeito de ter certeza é esperar agonizando pelos próximos capítulos.”
Eu também, Hox. Eu também.
Um abraço pra todos, e até a próxima!
Boa proposta. Vamos lá:
-Soul Eater
Foi um bom capítulo, como você falou. Achei estranho a retirada do Kid e do Stein, porém achei forcado Chrona absorver o Kishin, a insanidade dela é maior que o cara que peitou o Shinigami em seus tempos áureos? Outra coisa que me incomoda é o comportamento do autor a respeito do Kishin, tratá-lo mais como um objeto vivo que outra coisa.
– Vinland Saga:
Agonizando como todos outros. Tenho esperancas de que Ketil tenha um duelo com Canute.
É, a Chrona absorver o Kishin também é meio estranho, mas eu consigo relevar. O Ookubo conseguiu passar muito bem essa decadência à loucura dela (principalmente com aqueles bonecos-palito do capítulo 87), eu consigo aceitar que ela esteja em um patamar parecido com o do Kishin em termos de loucura. E acredito que o Kishin não se extinguiu fácil assim. Talvez tenhamos algo FMA-feelings nesse final (se você leu até o fim, deve ter sacado a ideia).
E eu gosto desse clima do Kishin de “encarnação da loucura”, dessas alucinações construídas ao redor dele e tal. Ele parece, sei lá, uma força da natureza. Dá um charme a toda essa questão da loucura em Soul Eater.
O capítulo 87 bateu no teto do termo sinistro.
Também gosto dele como visualizacao da loucura, mas falta uma personalidade nele. Algo do tipo:” Vamos invadir a cidade e liberta o Kishin”, “Vamos a lua cacar o Kishin”. Não o desenvolve a algo além.
Não consigo mais responder diretamente (por algum motivo), então é.
Acho que entendi seu ponto, apesar de discordar em um detalhe. Pra mim não era o Kishin que devia ter mais personalidade, e sim a “facção Kishin”, esse grupo que cerca/cercava ele (Justin, aqueles palhaços, todo esse pessoal). O Kishin tem um ótimo papel nessa questão da visualização da loucura, mas faltou relevância no grupo dele pra, sei lá, passar toda a questão Kishin com mais impacto e relevância. Não sei se me expressei direito, e talvez tenha te entendido errado, mas acho que é isso.